Uma das principais dĂșvidas sobre a denĂșncia da Procuradoria-Geral da RepĂșblica divulgada nesta terça, 18, era como o órgão de acusação ligaria o ex-presidente Jair Bolsonaro à trama golpista.
Afinal, não foram encontradas mensagens enviadas por Jair Bolsonaro dando ordens para seus subordinados realizarem um golpe de Estado ou coisa parecida.
Nesse sentido, a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro divulgou uma nota na noite de terça, 18, afirmando que a Procuradoria-Geral da RepĂșblica não encontrou "nenhum elemento que conectasse minimamente o presidente à narrativa construĂda na denĂșncia".
"A despeito dos quase dois anos de investigações — perĂodo em que foi alvo de exaustivas diligĂȘncias investigatórias, amplamente suportadas por medidas cautelares de cunho invasivo, contemplando, inclusive, a custódia preventiva de apoiadores próximos —, nenhum elemento que conectasse minimamente o presidente à narrativa construĂda na denĂșncia, foi encontrado. Não hĂĄ qualquer mensagem do presidente da RepĂșblica que embase a acusação, apesar de uma verdadeira devassa que foi feita em seus telefones pessoais", diz a nota, divulgada pelo advogado Paulo Cunha Bueno na rede X.
"A inepta denĂșncia chega ao cĂșmulo de lhe atribuir participação em planos contraditórios entre si e baseada numa Ășnica delação premiada, diversas vezes alteradas, por um delator que questiona a sua própria voluntariedade. Não por acaso ele mudou sua versão por inĂșmeras vezes para construir uma narrativa fantasiosa", diz a nota.
De acordo com a denĂșncia da PGR, o documento Punhal Verde Amarelo, que tinha um plano para neutralizar autoridades pĂșblicas (o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes) foi impresso no PalĂĄcio do Planalto pelo general da reserva MĂĄrio Fernandes no dia 9 de novembro de 2022.
Em seguida, o documento foi levado ao PalĂĄcio da Alvorada, a residĂȘncia oficial, para ser mostrado ao presidente e a Mauro Cid.
As presenças de MĂĄrio Fernandes e de Mauro Cid no PalĂĄcio do Alvorada nesse dia foram comprovadas por registros de entrada.
"A ciĂȘncia do plano pelo presidente da RepĂșblica e a sua anuĂȘncia a ele são evidenciadas por diĂĄlogos posteriores, comprobatórios de que Jair Bolsonaro acompanhou a evolução do esquema e a possĂvel data de sua execução integral. Assim, em ĂĄudio por WhatsApp de 8.12.2022, MĂĄrio Fernandes relata a Mauro Cid que havia estado pessoalmente com Jair Bolsonaro e debatido o momento ideal de serem ultimadas as ações tramadas", diz a PGR na pĂĄgina 127.
O ĂĄudio traz a seguinte mensagem, enviada por MĂĄrio Fernandes: "Durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo (Lula), não seria uma restrição, que isso pode, que qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro e tudo. Mas (?) aĂ na hora eu disse, pô presidente, mas o quanto antes, a gente jĂĄ perdeu tantas oportunidades".
A PGR também argumenta que, quando o documento Punhal Verde Amarelo foi impresso e levado a Bolsonaro, as ações de monitoramento jĂĄ estavam em curso, "o que igualmente reforça a ciĂȘncia prévia da alta cĂșpula da organização criminosa".
A alta cĂșpula da organização criminosa, segundo a PGR, era composta por Jair Bolsonaro e o ministro da Defesa Walter Braga Netto.
Fonte: Da redação/ O Antargonista