Encontrado carbonizado ao lado de um veículo queimado, o agricultor José Roberto da Rocha, de 53 anos, era integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra na Paraíba (MST-PB) e coordenava o acampamento onde foi encontrado morto. O corpo de Roberto foi encontrado na manhã deste domingo (24), na zona rural de Alhandra, cidade do Litoral Sul da Paraíba.
José Roberto era uma liderança local do MST e era militante do movimento social há pelo menos 10 anos. Antes de morrer, a última vez que ele foi visto pelos amigos foi na noite do sábado (23). A polícia não informou as linhas de investigação que segue para apurar o crime. Veja abaixo mais detalhes sobre quem era José Roberto da Rocha.
Corpo e carro de integrante do MST foram achados carbonizados na zona rural de Alhandra, na PB
O MST afirma que Roberto foi encontrado morto, com o corpo carbonizado embaixo do seu carro, no bambuzal do Acampamento Orlando Bernadino, município de Alhandra. Segundo o movimento, o crime teria acontecido durante a madrugada, mas só pela manhã seu corpo foi localizado.
A motivação e a autoria do crime estão sendo investigadas pela Polícia Civil. O delegado responsável pelo caso, Edernei Hass, informou que mais detalhes ainda não podem ser divulgados.
Até as 15h do último domingo (25), a PM não conseguiu localizar e prender nenhum suspeito.
Corpo de trabalhador rural líder local do MST é encontrado carbonizado
Segundo o próprio MST na Paraíba, Roberto era coordenador de produção do acampamento (pré-assentamento), Orlando Bernardino, no município de Alhandra.
Ele era ativo na dinâmica da organicidade do acampamento e sua tarefa era restrita ao acampamento Orlando.
José Roberto da Rocha, de 53 anos, era agricultor e integrante do MST em Alhandra, PB — Foto: Ewerton Correia/TV Cabo Branco
Conforme o MST, ele era ativo e militava na instituição há menos de 10 anos.
O MST diz que Roberto mantinha um relacionamento de 7 anos com uma companheira. Ele tinha dois filhos, que moram no Rio de Janeiro, provenientes de um casamento anterior.
Apesar de coordenar um pré-assentamento em Alhandra, ele que vivia há 7 anos no Acampamento Wanderley Caixe, em Pedras de Fogo.
A violência no campo faz parte da história da Paraíba e os assassinatos deJoão Pedro Texeira, em 1962, e de Margarida Maria Alves, em 1983, são os maiores exemplos disso.
E mesmo nos dias atuais, casos de mortes de trabalhadores rurais ainda são registradas. No final de 2023, dois trabalhadores do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra da Paraíba (MST) foram mortos no Sítio Rancho Dantas, zona rural de Princesa Isabel, no Sertão da Paraíba.
Segundo a Polícia Civil, Aldecy Viturino Barros, de 44 anos, estava consertando o telhado de uma residência do pai de Ana Paula, e estava em cima de uma escada. Ana Paula estaria segurando a escada quando dois homens chegaram em uma moto e informaram a Aldecy que precisavam da assinatura dele em um documento.
Antes da vítima descer da escada, os homens atiraram várias vezes contra ele, que morreu ainda no local. Ana Paula, que estava próxima de Aldecy, levou um tiro na cabeça.
Antes disso, em julho de 2022, a Polícia Civil investigava a morte de um morador do pré-assentamento Wanderley Caixe, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), em Pedras de Fogo. O corpo de Severino Bernardo da Silva, conhecido como Suzy, foi encontrado com marcas de tiros e indícios de tortura.
Recentemente, o Brasil foi julgado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) por dois casos de violação de direitos humanos ocorridos na Paraíba. Os processos são relacionados ao assassinato de Manoel Luiz e o desaparecimento de Almir Muniz, ambos trabalhadores rurais com histórico na luta agrária. Ainda não houve sentença.
Fonte: Da Redação