O celular do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e mais três computadores foram apreendidos pela Polícia Federal nesta segunda-feira (29) durante operação que investiga monitoramento ilegal com sistema da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). O aparelho estava na casa da família Bolsonaro em Angra dos Reis (RJ), um dos nove endereços alvos da ação, que foi realizada também em Brasília e na Bahia.
Advogado da família Bolsonaro, Fabio Wajngarten afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro saiu para pescar de lancha com os filhos e amigos às 5h, antes da PF cumprir os mandados. Wajngarten disse que os agentes não encontraram computadores da Abin na residência ou no gabinete do vereador.
do ex-presidente Jair Bolsonaro, nesta segunda. A residência do parlamentar é localizada no Condomínio Vivendas da Barra, na zona oeste do Rio de Janeiro (RJ), onde o pai também possui um imóvel.
A operação da PF também mira um policial federal e apura os destinatários que teriam recebido as informações obtidas a partir do suposto esquema de monitoramento ilegal com o sistema da Abin.
As buscas foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Segundo fontes ligadas à PF, ele e o ministro Gilmar Mendes estão na lista de suposta espionagem irregular.
A Reportagem entrou em contato com a defesa do vereador e aguarda respostas. O espaço permanece aberto.
A PF convidou para depor todos os alvos da operação desta segunda-feira. Como foram convidados e não intimados, não há a obrigatoriedade de comparecimento em alguma superintendência da corporação.
Segundo a corporação, a nova fase busca avançar no núcleo político, "identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin, por meio de ações clandestinas", explica a PF.
Confira os endereços alvos de busca nesta segunda-feira (29)
- Rio de Janeiro (RJ) – 5 mandados;
- Angra dos Reis (RJ) – 1 mandado;
- Brasília (DF) – 1 mandado;
- Formosa (GO) – 1 mandado;
- Salvador (BA) – 1 mandado.
Os investigados podem responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial, ou com objetivos não autorizados em lei.
Na última quinta-feira (25), o deputado federal e ex-diretor-geral da Abin Alexandre Ramagem (PL-RJ) também foi alvo de buscas. Na ocasião, os agentes estiveram no gabinete dele na Câmara dos Deputados e o apartamento funcional, ambos em Brasília.
As investigações apontam indícios de que Ramagem continuou recebendo informações de dentro da Abin mesmo depois de deixar o comando do órgão. O gabinete do parlamentar foi um dos locais onde os agentes fizeram buscas, assim como endereços de outras pessoas no Distrito Federal, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A casa e o escritório do deputado também foram alvos da ação. Ramagem deve prestar depoimento na sede da PF.
A RECORD e o R7 procuraram a assessoria de Ramagem, que disse que não se posicionaria no momento.
A PF também suspendeu sete policiais federais do exercício das funções públicas. As ações fizeram parte das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em outubro de 2023.
Em 2023, a PF descobriu indícios do uso de mais ferramentas de espionagem ilegal por servidores da Abin — entre elas há um programa de invasão de computadores que permitia acesso a todo o conteúdo privado dos alvos. Os softwares foram encontrados nos equipamentos apreendidos durante as buscas.
As informações foram repassadas à RECORD por uma fonte da corporação. A suspeita é de que os investigados usavam "técnicas que só são permitidas mediante prévia autorização judicial".
A PF trabalha com a suspeita de que a Abin foi usada para ajudar filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro fornecendo informações para que eles pudessem se defender de investigações em tramitação na Justiça. Em nota, o senador Flávio Bolsonaro afirmou que "é mentira que a Abin tenha me favorecido de alguma forma, em qualquer situação, durante meus 42 anos de vida".
Fonte: R7