A manifestação promovida pelo ex-presidente Bolsonaro na Avenida Paulista não fez "preço" no mercado financeiro. A expressão é usada para explicar motivos para movimentação nos preços dos ativos.
Com agenda econômica vazia neste início de semana, investidores passaram o dia acompanhando as repercussões do evento em São Paulo sem tomar posição de maior ou menor risco futuro.
A preocupação mais comum é com a reação do presidente Lula à demonstração de apoio não só ao ex-presidente, mas aos conservadores da direita brasileira.
Executivos ouvidos pela CNN não levam em conta os discursos, ou a "obediência" dos manifestantes ao pedido de Bolsonaro para não haver provocação ao STF ou de apoio à intervenção militar — o que poderia ser, inclusive, considerado como prova contra o ex-presidente na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado.
"O debate no mercado é o que ele vai provocar na movimentação do Lula. Hoje, quem puxa o presidente para o centro é o Congresso. A dúvida entre muitos gestores é se a demonstração de apoio a Bolsonaro, ou à direita brasileira, vai empurrar Lula para mais populismo, ou vai fazer com que o presidente busque o caminho do meio", disse à CNN o gestor de um grande banco de investimento no Brasil.
Segundo outro executivo, de um fundo de investimentos, o Congresso acordou nesta segunda-feira (26) com mais poder porque teve provas de que a agenda da direita tem eco na sociedade, sem necessariamente estar ligada a Bolsonaro.
O que colocaria mais pressão sobre o governo Lula e sua pauta ideológica.
"Deputados e senadores mais de centro-direita viram o tamanho do apoio popular que ainda têm e podem ser estimulados a tocar a própria agenda no Congresso. A quantidade de gente na Avenida Paulista mostrou que eles estão vivos. Aquele receio de que as eleições municipais dariam mais terreno para esquerda deve arrefecer", disse à CNN.
À espera de dados de inflação e atividade econômica do Brasil e dos Estados Unidos, o mercado brasileiro fechou o dia mais positivo, mas sem grandes movimentações.
Só no final da semana que serão divulgados os dados mais relevantes, como índice de preços mais considerado pelo Fed, o PCE, e aqui no Brasil, o IPCA-15 e o PIB de 2023.
Fonte: Da Redação com CNN