A sucuri encontrada morta no último domingo (24) em Bonito, no interior do Mato Grosso do Sul, media 6,45 metros de comprimento.
Segundo o biólogo Henrique Abrahão Charles, especialista em serpentes e autor de um mestrado sobre sucuris, a cobra morta, que foi batizada como Ana Julia, era o maior exemplar da espécie já registrado no mundo.
Até então, diz o biólogo, a maior sucuri já registrada tinha 5,21 metros. Geralmente, as sucuris adultas têm entre 4 e 5 metros e pesam de 80 a 100 quilos. No caso de Ana Julia, que era apelidada de Vovozona, o peso poderia chegar a 200 quilos, afirma Henrique.
O animal era bastante conhecido na região e já chegou a ser retratado em documentários.
Inicialmente, a informação divulgada foi a de que a serpente foi morta a tiros. A Polícia Civil do Mato Grosso do Sul, entretanto, afirmou que uma análise preliminar indicou não haver perfurações por balas no cadáver do animal. Uma perícia seria feita na última terça-feira (25), mas o resultado ainda não foi divulgado.
Segundo a população, o animal tinha perfurações na cabeça. O biólogo afirma que a sucuri não tem um comportamento agressivo, o que não justificaria uma ação violenta contra o animal por motivo de defesa.
"Essa cobra estava lá havia mais de 20 anos. Era querida pela população. Ela nunca esboçou qualquer reação. Sempre foi mansa e dócil. As pessoas mergulhavam do lado dela e ela nunca atacou ninguém, como nenhuma outra lá. O que acontece é que o cara, provavelmente por maldade, foi lá e matou", comentou.
Era símbolo da cidade, mas, no último fim de semana, foi encontrada morta por guias de turismo, boiando no rio, o que revoltou não só moradores e guias como também pesquisadores, documentaristas, fotógrafos, pessoas que amam os animais e protegem a rica biodiversidade da região.
O autor do belo retrato da sucuri gigante, de quase 7 metros de comprimento, é Cristian Dimitrius (@cdimitrius), documentarista de vida selvagem.
Ele ama e fotografa sucuris há 20 anos!
Certamente, foi o primeiro a divulgar o crime nas redes sociais e não poupou em indignação.
"Revoltante!!!! Muito revoltante!!!!! Infelizmente, hoje recebi a notícia de que Ana Júlia foi morta e seu corpo encontrado boiando no Rio Formoso, com marcas de tiro. Que tristeza, que raiva!!!! Quem teria feito um absurdo destes????".
Devido à vivência que teve com o animal, além de fotos e vídeos, Dimitrius tinha certeza de que a cobra morta era Ana Júlia. "Identifiquei pelas manchas no rosto", conta.
Depois confirmou com a bióloga Juliana Terra, especialista em sucuris, que "a acompanhava há 8 anos".
Esta é uma perda irreparável para a biodiversidade de Bonito. "As fêmeas desta espécie são consideradas topo de cadeia alimentar – ou seja, "animais que controlam populações e presas. Sua influência gera, portanto, um ecossistema balanceado", conta a ecóloga.
A Polícia Ambiental de MS investiga o caso. A prefeitura declarou seu repúdio em nota pública e prometeu acompanhar as investigações.
Da Redação