Selena Samara Gomes da Silva, uma das acusadas de ter matado o estudante Clayton Thomaz de Souza, conhecido como Alph, foi condenada na noite dessa terça-feira (16) a 17 anos e quatro meses de prisão.
O julgamento aconteceu no 1Âș Tribunal do JĂșri da Capital, em João Pessoa. O tribunal do jĂșri entendeu que ela não foi a autora do disparo que matou o estudante, mas que foi quem atraiu a vĂtima para o local em que foi assassinada, o que impedia que ela fosse absolvida.
O segundo acusado de ter cometido o crime, Abraão Avelino da Fonseca, serĂĄ julgado separadamente porque o processo foi desmembrado. Ele segue foragido.
Após a sentença, a defesa de Selena informou que vai recorrer da decisão porque a "condenação vai contra a prova dos autos". De acordo com a advogada Sarah Maciel, "ficou evidente que nunca existiu um triângulo amoroso" entre Selena, Alph e Abraaão, tese essa que é apontada pelo Ministério PĂșblico da ParaĂba como um dos motivadores para o crime. Sarah destaca ainda que foi apresentado em plenĂĄrio as fotos de Selena agredida.
"Ela poderia ter sido morta, assim como Alph. Em verdade, também foi vĂtima", pontua.
Selena Samara estava foragida, mas se apresentou ao tribunal de jĂșri nessa terça-feira (16) e sentou no banco de réus. Em seu depoimento, ela alegou que, tal como Alph, também foi vĂtima.
E que no dia do crime ela foi torturada, tendo o cabelo raspado e sendo espancada. Ela disse também que foi ameaçada de morte diversas vezes.
Os jurados, contudo, por maioria de votos, não consideraram a versão da mulher e a julgaram como culpada. Ela pegou 14 anos de prisão pelo homicĂdio, dois anos como qualificador pelo crime ter sido por motivo torpe e mais um ano e quatro meses pelo homicĂdio ter sido premeditado.
A mulher condenada pode recorrer da decisão, mas ela seguirĂĄ presa. Isso porque, na decisão, foi determinado que ela deve permanecer presa.
Isso porque, como a ré permaneceu foragida ao longo de todo o curso do processo, não hĂĄ garantias de que ela não vĂĄ tentar fugir novamente, acaso tenha o direito de responder em liberdade.
Selena Samara Gomes da Silva estava foragida desde a época do caso, em 2020 e só se apresentou à justiça no dia de seu julgamento. Abraão Avelino da Fonseca ainda estĂĄ foragido.
Clayton Thomaz de Souza foi encontrado com marcas de tiros, em uma mata às margens de uma estrada em Gramame, em João Pessoa, no dia 8 de fevereiro de 2020, mas só foi identificado no dia 17 do mesmo mĂȘs. Ele foi visto pela Ășltima vez no dia 6 de fevereiro.
A denĂșncia do Ministério PĂșblico da ParaĂba aponta que no dia 6 de fevereiro de 2020 os dois acusados saĂram com a vĂtima, no bairro Castelo Branco, no carro de Selena, com destino à comunidade Aratu, onde Abraão residia.
No local, efetuaram um disparo de arma de fogo que causou a morte do estudante.
Em seguida, colocaram o corpo no porta-malas do carro de Selena e o abandonaram no terreno que dĂĄ acesso à Praia de Gramame.
A motivação, de acordo com as investigações, seria um desentendimento por um triângulo amoroso, pois Selena tinha um relacionamento com Abraão e estava se relacionando também com Clayton.
Para isso, foram considerados os depoimentos de testemunhas, que alegaram ter visto os dois acusados com a vĂtima no dia do desaparecimento, e dados da estação de rĂĄdio base dos telefones de Alph e de Selena, que verificaram que sinais emitidos pelos celulares dos dois, no dia 6 de fevereiro, na mesma localização.
Além disso, no porta-malas do carro de Selena, foi encontrado vestĂgio semelhante ao sangue humano, o que foi comprovado posteriormente, após exame.
A denĂșncia também aponta que era de conhecimento dos amigos de Alph que ele se relacionava com Selena hĂĄ cerca de um mĂȘs.
JĂĄ o relacionamento da ré com Abraão foi constatado pela denĂșncia a partir de depoimentos e também por quebra de sigilo telefônico e bancĂĄrio.
Alph, como era conhecido, era ativo no movimento estudantil da UFPB, tendo relatado desentendimentos com os seguranças da universidade.
Por isso, a investigação colheu depoimentos e fez a quebra do sigilo telefônico de um dos servidores da guarda da universidade que Alph alegava ter atritos, mas não foi encontrado nenhum indĂcio de conexão que justificasse a continuidade do inquérito nessa linha.
Fonte: Da Redação