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Lar um novo tempo

Lutar pela sua verdadeira torcida', por Homero Lacerda

Assistimos a mais um desmando

Por J1 em 24/02/2024 às 13:29:28
Público não vai poder comparecer aos jogos do Sport pela Copa do Nordeste e Copa do Brasil (Foto: Rafael Vieira/DP)

Público não vai poder comparecer aos jogos do Sport pela Copa do Nordeste e Copa do Brasil (Foto: Rafael Vieira/DP)


1987 não fosse tirado de nossas mãos. Das brigas para que o regulamento do Campeonato fosse cumprido, como estabelecido pela CBF. Da defesa contra os times do Sul e Sudeste, que queriam impor de todo jeito, uma competição com seu feitio e interesse. Lutamos, discutimos, debatemos contra dirigentes e/ou políticos, que com seu jeito esnobe e ditatorial, não permitiam uma competição democrática, nunca desejando seguir as normas estabelecidas.

Fomos para o embate contra os poderosos da comunicação, que compraram uma competição apenas para agradar o famigerado Clube dos 13. Grandes grupos empresarias se tornaram patrocinadores e coniventes de uma farsa futebolística. Encaramos, dentro de campo, todos os adversários na bola. E até mesmo fora dela, como aconteceu na guerra que foi a semifinal contra o Bangu. Com a taça nas mãos, foram anos de luta nos bastidores, contra CND, Clube dos 13, Flamengo, Tribunais de Justiças e todos que queriam derrubar nossas armas. Não teve jeito: vencemos a cada passo dado nos tribunais.

Derrubamos cada rival nos debates históricos na televisão. Minha motivação era vista por todos. Cada palavra, cada gesto, cada sentimento que tenho pelo Sport Club do Recife e por esse amor do nosso torcedor às nossas cores vermelha e preta. Nossa luta nos bastidores, numa batalha judicial que parecia não ter fim, mudou o rumo da história do Sport.
<i>(Foto: Paulo Paiva/Sport)</i>
E hoje, assistimos a mais um desmando, desta vez de um tribunal, que deveria servir para trazer a justiça para dentro dos gramados e que acaba pendendo para o lado dos marginais, que se infiltraram no meio da nossa torcida. Essa punição, amigos, é como se o STJD fosse "jogar para a plateia", que está agindo e combatendo a violência, quando na verdade está atuando para prejudicar o clube.

A emboscada feita por esses vândalos ao ônibus da equipe do Fortaleza não partiu da torcida do Sport Club do Recife. Veio de um grupo que quer se apoderar deste sentimento verdadeiro de cada torcedor rubro-negro, nosso grande patrimônio: o amor ao nosso clube.

É o amor de Dona Maria. São as palavras mágicas de Ariano Suassuna. Os prêmios recebidos por torcedores do nosso clube. As campanhas sociais que nos deram prêmios internacionais, como a adoção de crianças e a doação de sangue. Nossa torcida está sendo atacada por todos os lados e vou defendê-la, sempre, diante de uma injusta punição.

Assim como impomos a moralidade no futebol brasileiro em 1987, chegou a hora de lutar novamente pelos direitos do nosso clube. Naquela oportunidade, a Justiça brasileira esteve ao nosso lado. Agora, teremos que combater os componentes do STJD, que estão mais preocupados em conquistar a simpatia dos clubes do Sul e Sudeste brasileiro.


Que esses juristas possam fazer algo de mais útil. Participem na criação de leis que possam punir esses marginais infiltrados nas torcidas pelo Brasil. Li e ouvi muitas ideias que merecem passar por uma séria reflexão dos nossos políticos. Como já fui vereador, tinha a preocupação de ouvir meus eleitores, tentar entender seus desejos e trabalhar para traduzir tudo isso em leis que ajudassem nossa população. Brigas, depredações, atos de emboscadas e vandalismo têm que ser combatidos com leis mais duras, com penas pesadas de 10, 15 anos.

Podemos separar os bons e os maus do nosso futebol. Estamos perdendo as famílias nos estádios, que não vão mais assistir aos jogos temendo algum ato de violência. Impeçam a entrada destes vândalos. Um cadastro de todo torcedor, com informações diretas da Justiça, SDS, Justiça Eleitoral, PF e tudo mais, precisa ser colocado o mais rápido possível na porta de cada estádio, inclusive com um sistema de câmera de monitoramento. Nenhum marginal vai querer entrar em um estádio de futebol com tantas informações.

Também temos aqueles que estão fora dos estádios. Esses precisam ser punidos ainda com mais rigor. Quem procura confusão, briga e violência nas ruas não é o torcedor de futebol. É o bandido, o marginal, que não liga para o seu clube. Usa a camisa de uma uniformizada para ter um escudo. Prendam esses criminosos. Coloquem na cadeia. Somente com punição firmes poderemos iniciar um movimento para acabar com essa violência desmedida, que afasta as pessoas boas dos estádios de futebol.

E para vocês do STJD, reflitam nesta ação injusta. Nós, Sport Club do Recife, não podemos ser punidos por algo que não depende de nós em absoluto. Vocês aplicaram uma sanção para dentro do estádio quando tudo que aconteceu foi fora e com quilômetros de distância. Vocês fizeram com que nossos torcedores, que moram em Macapá (porque, se você não sabe, procurador, a torcida do Sport está espalhada em todo o Brasil), de não ver seu time em campo. E como fica o torcedor que mora no interior de São Paulo, em Fortaleza, em Salvador, em João Pessoa, que nunca agrediu ninguém e fica proibido de ver seu time, seus ídolos?

Entendo até que qualquer ato de violência dentro do estádio de futebol, o clube mandante deve ser punido. Mas, como punir o Sport por uma ação de alguns marginais, quase duas horas após o jogo e a sete quilômetros de distância do estádio em que foi realizado a partida? Não se justifica a aplicação dos artigos citados pelo procurador, pois o ato não aconteceu na praça desportiva. Será que a nossa diretoria terá que ficar responsável pela segurança pública da cidade nos dias de cada jogo?

Em 2022, esse mesmo STJD absolveu o Flamengo de uma punição, após sua torcida atingir o ônibus em que estava a delegação do Atlético Mineiro. A alegação do Pleno foi que o veículo estava longe do estádio e a segurança deveria ser do Estado. Recordo do goleiro do Bahia e que jogou aqui no Sport, Danilo Fernandes, agredido pela própria torcida, que jogou pedras no ônibus do clube. Nem denúncia do procurador aconteceu. Isso sem contar os casos envolvendo Grêmio e Internacional, quando os clubes pagaram multas e sem punição para seus torcedores.

Estou solidário aos atletas, comissão técnica e dirigentes do Fortaleza. Isso foi uma violência absurda sofrida pelo clube cearense. Porém, a solução não é punir toda uma torcida. O pior é que estamos lendo e ouvindo declarações de torcedores de outros clubes nordestinos apoiando essa decisão do STJD. Essa decisão foi pelo CEP do Sport. Podem ter a certeza que seu time será punido em seguida. Como todo crime, o ato precisa ser tratado na esfera do Código Penal. Punir a pessoa jurídica do Sport Club do Recife é querer, simplesmente, "jogar para a torcida deles", no clamor social.

Volto a repetir: esses que praticam a violência no âmbito do futebol não tem amor pelo seu clube. É apenas um pretexto para arrumar confusão e briga. A nossa Polícia precisa dar uma resposta imediata, apresentando os responsáveis por esse ato e que a Justiça puna, exemplarmente.

Ao Sport, e principalmente, ao presidente Yuri Romão, também presto minha solidariedade e que estaremos juntos nesta batalha. Precisamos pressionar o Pleno do STJD a reverter essa punição pedida pelo procurador. Mas também precisamos extirpar esses marginais do convívio do nosso torcedor. Identificados os culpados, que sejam expulsos do nosso quadro de sócio, proibidos de entrar na nossa sede e nos nossos jogos. Temos que ser corajosos para enfrentar esses bandidos.

Assim é o Sport, do tamanho do sentimento de sua fantástica torcida. E estarei sempre ao lado do verdadeiro torcedor rubro-negro. Nosso hino coloca que o Sport "é uma razão para viver". Aqui, com o devido respeito, altero um pouco a letra do grande Eunitônio Pereira: "o Sport é uma razão para lutar pela sua verdadeira torcida".

*Homero Lacerda é ex-presidente do Sport Club do Recife e campeão brasileiro de 1987

Fonte: Da Redação com Esportes DP

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