A Operação Mandare, realizada nesta sexta-feira (3), mirou uma possível relação entre um grupo criminoso com secretarias da Prefeitura de João Pessoa. De acordo com a Polícia Federal, o grupo estava articulando a obtenção de vantagens, como cargos públicos, em órgãos como as secretarias municipais de Saúde e de Direitos Humanos e Cidadania de João Pessoa e a Empresa de Limpeza Urbana (Emlur).
Entre os alvos da investigação está a filha do prefeito Cícero Lucena e secretária executiva de Saúde, Janine Lucena. O prefeito afirmou que apoia a investigação da PF e prometeu rigor com servidores, que tenham relação comprovada com as irregularidades apontadas.
Entenda abaixo o que se sabe sobre a investigação da Operação Mandare até o momento.
De acordo com a Polícia Federal, um integrante da facção criminosa conhecida como 'Nova Okaida', que tem posição de liderança na organização, identificado como Jossênio Silva dos Santos, articulou a obtenção de cargos em órgãos públicos em troca de conceder apoio à entrada de agentes municipais em comunidades controladas ou que sofrem influência do crime organizado.
As informações que desdobraram na operação foram conseguidas pela polícia a partir da quebra do sigilo telefônico e telemático do integrante da organização criminosa. O celular do suspeito foi apreendido em uma inspeção de rotina no local em que ele está preso, a Penitenciária de Segurança Máxima Doutor Romeu Gonçalves de Abrantes, conhecido como PB1.
No celular, havia imagens, vídeos, diálogos e áudios que, segundo a PF, indicam a prática de tráfico interestadual de drogas, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Segundo a investigação, o preso responde a vários processos, entre eles o de matar uma mulher que segurava um bebê nos braços, enquanto outras quatro crianças olhavam.
Janine Lucena, secretária executiva de Saúde de João Pessoa e filha do prefeito Cícero Lucena — Foto: Sérgio Lucena/Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa/Arquivo
Ao todo, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão em João Pessoa, Conde, Campina Grande, Cabedelo e Rio de Janeiro. Entre os locais alvos dos mandados estava incluído as celas do presídio de segurança máxima PB1, secretarias de Saúde e Direitos Humanos e Cidadania e Emlur, três em Cabedelo, dois em Rio Tinto, uma em Conde e uma em Campina Grande, na casa de uma mulher que é apontada como a operadora financeira do grupo criminoso.
Mandados de prisão também foram cumpridos durante a operação da PF. Ao todo, foram sete mandados de prisão preventiva. Contas bancárias também foram bloqueadas pelo órgão. A Polícia Federal não revelou os nomes investigados na operação.
Um dos alvos confirmados é a secretária executiva de Saúde de João Pessoa, Janine Lucena, que é filha do prefeito Cícero Lucena. Dois dos mandados e busca e apreensão na operação tinham Janine como foco.
Uma das ordens foi cumprida no gabinete de Janine, na Secretaria Municipal de Saúde; e a outra foi na residência dela, localizada no bairro de Intermares, em Cabedelo.
Outro alvo da PF foi a ex-servidora da Empresa de Limpeza Urbana de João Pessoa (Emlur), Aline da Silva dos Santos. De acordo com a direção do órgão municipal, a investigada não trabalha mais no local e responde a processo administrativo.
A Polícia Federal também cumpriu mandados na Secretaria de Direitos Humanos e na casa da servidora da pasta, Patrícia Silva dos Santos.
Centro Administrativo Municipal de João Pessoa — Foto: Secom-JP
Em nota, a prefeitura de João Pessoa afirmou que se colocou à disposição para cooperar com as investigações da Polícia Federal. Além disso, o órgão disse também que "condena veementemente qualquer tipo de ato ilícito". Também foi informado que foi determinado procedimento administrativo para apurar a responsabilidade dos servidores citados na investigação.
O prefeito da capital, Cícero Lucena, também comentou a operação em entrevista . Sobre a investigação contra a filha Janine Lucena , ele disse o mandado foi expedido por existir uma ligação de um presídio para o telefone da filha dele. "Ela é uma mulher pública, se você ligar ela lhe atende. Mais do que isso, não existe nada".
O prefeito também determinou a Procuradoria-geral do Municipal que abra um procedimento administrativo para apurar a responsabilidade dos servidores citados na investigação.
Fonte: Da Redação